sexta-feira, 9 de março de 2012

Gineofagia, Capítulo 2

Levei-te para a cena do crime e com certo descuidado executei meus golpes sucessivos e insistentes, até que abri finalmente a fenda sangrenta do seu ser e matei aquele anjo antigo e doce que ali havia. Foi-se. Foice.
Dei-lhe um livro de Anais Nïn para melhor compreensão dos fatos.
Eis que era uma dama, eis que tornou-se donzela.
E eu assustado por não saber o que fazer com a sua inocência, com o seu amor incondicional, com a sua entrega absoluta. Eu, assustado e acompanhodo sempre sempre. Eu com medo de perder-te e com medo de ter-te.
A lua iluminava a cena do crime com perfeição, nossa única testemunha. As árvores selvagens e tortuosas executavam uma sinfonia de sombras e tons esverdeados e marrons. Nosso altar ficava noo alto, bem no alto, nosso leito. Disse leito? Disse altar? Não era uma cena de crime?
Os três.
Abri a fenda sangrenta do seu ser e matei aquele anjo antigo e doce que ali havia. Foi-se. Foice. Não fará falta. Doravante, um anjo libidinoso e um eterno vazio.


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