terça-feira, 2 de abril de 2013

É Nóis



- É nóis? - ELe disse, no escuro, os olhos brancos, veremelhos, brilhando aterradores na escuridão vaporosa, vaporizada de marijuana a canos fumegantes de revólver, o corpo negro como piche imerso na escudirdão circundante, as réstias de luz ou a memória revelando ao fundo a parede sem reboco como pixações negras e cintilantes, seu fuzil de estimação nas no colo, um camarão gigante entre o slábios, as bochechas enormes e redondas e negras e dominantes brilhando como se escamas tivessem, os olhos brancos vermelhos ficando cada vez maiores cada vez maiores e me dizendo: essa é a hora da decisão fatal. Ou você se entrega aos desígnios maus do destino ou entrega sua vida. as duas decisões são boas e fáceis - sua chance de morrer ou sua chance de viver com toda a intensidade o abismo da existência, ir até lá no fundo para não ter do que reclamar, do que se vangloriar, do que se queixar. viver a lama e o crime com toda a sua potência, pulsão de existência. duas decisões boas e fáceis, difícil mesmo é desistir. É só dizer - é nóis, e tocar suas mãos, e selar então a grande irmandade, a grande solidariedade e responsabilidade entre dois seres - ou, ao contrário, dizer sinto muito, e sentir seu corpo alvejado por balas para depois ser incinerado entre pneus. TUdo transpirava calor, um calor bom e asphyxiante, uma brisa escaldante soprava do mar.

Por ora, adiar a bondosa morte, a acolhedora inexistência, a experiência final crucial. Ela poderá chegar a qualquer ora, posso morrer a qualquer momento da minha história, mas e xistencia é uma vez só. vamos ver no que essa merda vai dar, e qualquer coisa é só apertar o botão de saída de emergência.
É nós, rugio o leão noir mais uma vez, sua voz rebumbava como um trovão misterioso, e me intimava a expurgar como um soluço a resolução que antes de nascer já tinha tomado em minha alma:

- é nóis - ergo-me e grito, alma incendiada, com minha voz fraca e débil, e cumprimento com um soco suas mãos parrudas, ele me dá um tapa amigável na cara, e uma salva de tiros saúda minha caminhada descendente para o inf3rno.

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