sexta-feira, 30 de março de 2012

Linhas Condenatórias

Sabe, eu não fico pensando muito em vocâ quando você está longe. Bem, as vezes sim, mas é raro.
Mas quando estou frente a frente como você, sinto um estranho e incontralável tipo de excitação que me treme das pontas dos dedos as pontas dos meus cachos. Uma das sensações mais poderosas que já conheci.
A que chamaremos isso? Não ligo para nomes. Bem sei o que sinto, bem sei que excitação é essa, bem sei de que obscuras cavernas do meu ser elas vem.
Quando te vi ali sentada, em frente a mim, coroada por uma magnífica lua dourada e cornífera, adornada por uma única e altiva estrela, atapetada pela grama verde, minha vontade mais potente foi de pular em cima de você como um guepardo sobre uma presa nobre, e devorá-la com sofreguidão e fúria, se possível sugar toda a sua tristeza e morbidez por seus lábios, garganta, chegando ao coração, depois à alma, não que estes valham nada. Metáforas, metáforas. Darão conta da complexidade humana? Dará você?
Entendo-me muito bem. Mas você entenderá?
Efêmero, sim, efêmero. Mas intenso como o próprio inferno, como o próprio céu. Divino, está é minha pureza e inocência. Por essa divina excitação valeria a pena arriscar toda a minha existência, valeria a pena vender minha alma. valeria a pena vender o meu reino, valeria a pena perder até mesmo você. E como. E como.
Saberão os anjos explicar do que se trata? Haverá literatura que me justfique? Jamais. Entendo-me muito bem. Mas você me entenderia?
Deitada com a cabeça junto a minha, minha última preocupação eram as estrelas. A sensação que tinha era que elas de lá de baixo olhavam para nós e imaginavam constelações, viam-nos estrelas. Que constelações inventariam? Mosca?
Não me leve a sério.  Não tenha medo de partir meu coração que este não pode ser partido, é um amontoado de cacos já partidos e remendados com superbonder, fragmentos de outras tantas aventuras. Não tenha medo de matar um poeta, que minha poesia não vale nada, meus pensamentos não valem nada, mas a intensa excitação cardíaca que sinto ao prostrar-me simplesmente em frente a você, isso sim, vale tudo, vale a eternidade, vale o tédio de todo um planeta, vale mil corações. Queria te dar o coração de todos os corações que já parti, pois que o meu já não presta pra nada. Mas quem sou eu?
Eu queria pular em você e fazer de você minha morte súbita, meu último suspíro, minha derradeira lágrima, mas não fiz, aqui estou escrevendo linhas condenatórias. Com elas assino minha perdição, mas já não estaria eu perdido há muito tempo?
Agora, longe, ainda não me livrei de todo desta compulsão demoníaca. Amanhã, talvez, nem me lembre mais.
Mas basta estar perto de você e tudo volta como uma tsunami devastadora. É assim que os Cavaleiros do apocalipse se sentiam ao romper os selos? Volúpia?

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