quarta-feira, 3 de abril de 2013

Disco Voador


Ali estava o imperioso disco voador sobre nossas cabeças como um pavão cibernético a girar e esvoação e espantar a poeira para fora. Eu fui o primeiro a gritar. Estavamos sentados sobre a mesa improvisada dentro do barraco de madeirite com um só comodo bastante amplo, que abrigava a um canto a tv e os sofás, a outro as camas e no centro a grande mesa feita com uma porta, brindando e comendo nosso regaloso banquete que, admito, tinha alguns ingreditentes catados no lixo, outros trazidos por minha família. Interior de minas gerais, num lugar bem abandonado e cercado por um matagal infame, e pala alta janela de ferro velho eu vi a luz brilhando e cintilando e crescendo em nossa direção - luz ali é coisa rara, nós mesmos éramos iluminados por lampiões. A luz foi crescendo crescendo crescendo e eu OLHA OLHA! UMA LUZ e dissseram deixa de ser besta menino nunca viu avião não seja da roça e eu desalentado porque no meu intimo sabia que era um ovni, li tudo no livro que eu achei no lixo, um livro de ciencias ocultas que entre ets de varginha e chupacabras tinha muitas informações dobre os discos voadores. mas a luz continuou crescendo e de respente a lux invadiu nosso lar com sua lux uria e seu explendor. por um minuto todos pensavam que era carro mas carro não passava lá. fomos todos para fora e vimos o grande majestoso incrivel disco voador parado bem em cima de nossas janelas. só vi por alguns sengundos, logo os mais velhos me empurraram para verem eles proprios o milagre. mas o tempo que eu vi ficou guardado para sempre em meu coração. tentei sair pela porta mas me impediram, disseram que era perigoso, sentiamos como se a casa fosse ser levada ou como se pudessemos ser levados e ninguem notaria nossa falta ou se lembraria de nós. aí tudo ficou escuro e o disco foi embora tão estranhamente quanto chegou. mas uma paz muito voluptuosa como acordar cheio de folego numa manha amena engolindo goles de ar como se fossem agua invadiu nossos peitos, e simultaneamente uma grande sensação de vazio nos engolfou - nada de interessante acontece conosco mesmo, o disco deve ter ido procurar uma cidade grante ou outro país.
Com essa dupla sensação voltamos então a nossa ceia de natal cheia de paz e amor, piadas infames e gritarias incivilizadas, um carinho que só uma familia simples entenderia.
Minha mãe as vezes diz que era jesus naquele disco voador, mas ele nunca mais voltou.

terça-feira, 2 de abril de 2013

É Nóis



- É nóis? - ELe disse, no escuro, os olhos brancos, veremelhos, brilhando aterradores na escuridão vaporosa, vaporizada de marijuana a canos fumegantes de revólver, o corpo negro como piche imerso na escudirdão circundante, as réstias de luz ou a memória revelando ao fundo a parede sem reboco como pixações negras e cintilantes, seu fuzil de estimação nas no colo, um camarão gigante entre o slábios, as bochechas enormes e redondas e negras e dominantes brilhando como se escamas tivessem, os olhos brancos vermelhos ficando cada vez maiores cada vez maiores e me dizendo: essa é a hora da decisão fatal. Ou você se entrega aos desígnios maus do destino ou entrega sua vida. as duas decisões são boas e fáceis - sua chance de morrer ou sua chance de viver com toda a intensidade o abismo da existência, ir até lá no fundo para não ter do que reclamar, do que se vangloriar, do que se queixar. viver a lama e o crime com toda a sua potência, pulsão de existência. duas decisões boas e fáceis, difícil mesmo é desistir. É só dizer - é nóis, e tocar suas mãos, e selar então a grande irmandade, a grande solidariedade e responsabilidade entre dois seres - ou, ao contrário, dizer sinto muito, e sentir seu corpo alvejado por balas para depois ser incinerado entre pneus. TUdo transpirava calor, um calor bom e asphyxiante, uma brisa escaldante soprava do mar.

Por ora, adiar a bondosa morte, a acolhedora inexistência, a experiência final crucial. Ela poderá chegar a qualquer ora, posso morrer a qualquer momento da minha história, mas e xistencia é uma vez só. vamos ver no que essa merda vai dar, e qualquer coisa é só apertar o botão de saída de emergência.
É nós, rugio o leão noir mais uma vez, sua voz rebumbava como um trovão misterioso, e me intimava a expurgar como um soluço a resolução que antes de nascer já tinha tomado em minha alma:

- é nóis - ergo-me e grito, alma incendiada, com minha voz fraca e débil, e cumprimento com um soco suas mãos parrudas, ele me dá um tapa amigável na cara, e uma salva de tiros saúda minha caminhada descendente para o inf3rno.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Leonor

Queria tanto poder crer que aqueles versos assassinos que escreveste, tão ferinos
foram feitos para mim.
queria saber que sou eu o seu amante perdido Seu leonor masculino, que os anos não trazem mais, o seu erro favorito, suas saudades abissais.
queria tanto não ter que desperdiçar o meu sangue, meus versos, meu sêmen, meu nome, com tantas torpes amantes que agora quero bem longe.

Você bem sabe que é só você que eu realmente quero comer, e você bem sabe esses versos prosaicos e otários são pra você.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Alter Ego Trip


Agora, eu sou uma faca. Quero entrar e sair do seu ventre. Quero dilacerar suas ancas maciças. Quero ver o sangue aflorar a pele. Floreando a superfície curvilínea. Quero entrar e ficar no seu seio. Quero fincar-me na carne macia. Quero alcançar os seus órgãos internos. E interromper de vez as batidas.

Agora, eu sou uma corda. Quero amarrar-te em cada articulação. Amordaçar suas palavras mordazes. Romper o brilho dos seus olhos medonhos. Se fosse faca, outra vez, retalharia. Mas, entretanto, agora sou uma corda. Quero apertar suas carnes macias. Imobilizar seus gestos idiotas. Que imobilizam minha volúpia submissa. O idiota por aqui sou eu. Quero açoitar sua bunda calipígia. E sufocar os seus gritos no breu.

Agora, eu sou um pensamento. Quero penetrar o seu cérebro virgem. Aconchegar sua cabeça errática. Quero domar o seu gênio indomável. E cavalgar suas sinapses indômitas. Massagear seu ego incontrolável. Quero fazer cafuné no seu dentro. Liberar todos os seus hormônios de uma vez. Liberar todos os seus demônios de vez. Quero devastar sua mente assustadora. Quero tornar-me, por fim, o seu rei.

domingo, 6 de maio de 2012

Religare

Quisera eu sacrificar-nos no altar do nosso querer. Nossos deuses ficariam longe, nós seriamos os receptores. Matar-nos-íamos, morrer iríamos, de luxúria e de amor. O cosmos tentariam nos entender, o universo ficaria confuso com nossos paradoxos, o Uno sentiria falta de nós, a eternidade não nos compreenderia, o todo entraria em crise existencial.

Nós, não: seríamos completos, mágicos, trágicos, cômicos, fálicos, geneofágicos, e supremos.  O mundo tremeria ante nossas convulsões e então você sorriria com o lado errado, canhoto, não, eu nao disse isso, disse? Você entendeu errado.

Então seu sorriso nos mataria de uma vez. Morrer-iríamos, matar-nos-íamos, morrer-nos-íamos, no altar do nosso querer e no extasiaríamos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Linhas Condenatórias

Sabe, eu não fico pensando muito em vocâ quando você está longe. Bem, as vezes sim, mas é raro.
Mas quando estou frente a frente como você, sinto um estranho e incontralável tipo de excitação que me treme das pontas dos dedos as pontas dos meus cachos. Uma das sensações mais poderosas que já conheci.
A que chamaremos isso? Não ligo para nomes. Bem sei o que sinto, bem sei que excitação é essa, bem sei de que obscuras cavernas do meu ser elas vem.
Quando te vi ali sentada, em frente a mim, coroada por uma magnífica lua dourada e cornífera, adornada por uma única e altiva estrela, atapetada pela grama verde, minha vontade mais potente foi de pular em cima de você como um guepardo sobre uma presa nobre, e devorá-la com sofreguidão e fúria, se possível sugar toda a sua tristeza e morbidez por seus lábios, garganta, chegando ao coração, depois à alma, não que estes valham nada. Metáforas, metáforas. Darão conta da complexidade humana? Dará você?
Entendo-me muito bem. Mas você entenderá?
Efêmero, sim, efêmero. Mas intenso como o próprio inferno, como o próprio céu. Divino, está é minha pureza e inocência. Por essa divina excitação valeria a pena arriscar toda a minha existência, valeria a pena vender minha alma. valeria a pena vender o meu reino, valeria a pena perder até mesmo você. E como. E como.
Saberão os anjos explicar do que se trata? Haverá literatura que me justfique? Jamais. Entendo-me muito bem. Mas você me entenderia?
Deitada com a cabeça junto a minha, minha última preocupação eram as estrelas. A sensação que tinha era que elas de lá de baixo olhavam para nós e imaginavam constelações, viam-nos estrelas. Que constelações inventariam? Mosca?
Não me leve a sério.  Não tenha medo de partir meu coração que este não pode ser partido, é um amontoado de cacos já partidos e remendados com superbonder, fragmentos de outras tantas aventuras. Não tenha medo de matar um poeta, que minha poesia não vale nada, meus pensamentos não valem nada, mas a intensa excitação cardíaca que sinto ao prostrar-me simplesmente em frente a você, isso sim, vale tudo, vale a eternidade, vale o tédio de todo um planeta, vale mil corações. Queria te dar o coração de todos os corações que já parti, pois que o meu já não presta pra nada. Mas quem sou eu?
Eu queria pular em você e fazer de você minha morte súbita, meu último suspíro, minha derradeira lágrima, mas não fiz, aqui estou escrevendo linhas condenatórias. Com elas assino minha perdição, mas já não estaria eu perdido há muito tempo?
Agora, longe, ainda não me livrei de todo desta compulsão demoníaca. Amanhã, talvez, nem me lembre mais.
Mas basta estar perto de você e tudo volta como uma tsunami devastadora. É assim que os Cavaleiros do apocalipse se sentiam ao romper os selos? Volúpia?

quinta-feira, 15 de março de 2012

(x) Ereção ( )Oração

Eis que o vertiginoso sangue invade os copos cavernosos e, inchando-os, evidencia a presença de um outro corpo, a estrutura da qual estes fazem parte, que se avoluma indisfarçavelmente, reagindo ao também vertiginoso deslumbre de um terceiro corpo, desta vez uma estrutura curvilínea e feminóide que se parece muito com um ser humano, embora se assemelhe mais com as deusas do imaginário coletivo, estrutura essa que contém outras duas estruturas, desta vez esféricas e incorrigivelmente mensuradas, emanando deste corpo que compõem, formado de éter e desejo e bem-aventurança, o que provoca a involuntária alusão ao vazio das internas galerias que também compõem esse pedaço de perfeição, e estes sim, os vazios, pulsando por serem preenchidos, enturgessem definitivamente o inconveniente falo que agora mal se pode esconder.
Ops.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Assim Falou e Disse Z.

Veja: Isso faz parte do meu tratamente do choque Nietzscheano. Quero que vc se foda sempre mais e mais e que se lasque e que se ferre, porque te amo e quero que vc seja sempre cada vez mais e mais o meu amigo genial e poderoso. Grande símbolo de desamor seria lhe afagar. Não. Quero-o mais forte, até onde aguentares. É a sua resistência que me torna ainda mais seu amigo. Aguente firme. Aguente a porrada. Desejo uma morte lenta e dolorosa pra você, meu grande amigo, de longas gerações.

Eu.Matei.Rafael.Mascarenhas.

Eu o odeio. E quero que ele morra. Desejo isso com todas as forças do meu ser. Com todo o meu coração. Com todo o meu carinho. Morra ele e a sua bondade despretensiosa. Ele e seu carisma involuntário. E o sorriso. Aquele indefectível sorriso. Nos seus lá​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​bios. Eterno. imóvel. Como uma cirurgia plástica mal feita. Aquele sorriso... Aquele maldito sorriso que me tira do sério. Será que ele é sempre feliz? Será que é sarcasmo? Será que é ironia? A ironia é a forma de humor mais cruel de todas. Com isso, eu o odeio.
Eu não sou mau. Ele, tampouco, é mau. Mas o odeio, ainda assim. Como odeio o céu, com toda a sua ternura e seu azul infindável. (Bleargh). A culpa é do céu? O céu é mau? Não. Mas assim é que são as coisas. As coisas são más. Erradas. Tortas. E esquisitas!:  É involuntário. Mas isso não muda o fato de que eu preciso tanto dela... Júlia. A adorável e poderosa Júlia. A adorável e pecaminosa Júlia. (Minha língua estala ao pronunciar seu nome e meu falo se manifesta). Ela anda como um anjo. Ela fala como um anjo. Ela rebola como um anjo. Mas ela é o demônio disfarçado. Oh, sim, meus irmãos, creiam nisso com seus corações pecadores. Como eu poderia não odiá-lo, se há incontáveis tempos eu a quero, mas é ele quem tange suas asas quase todas as noites, quem toca seus ungidos lábios durante nossos licenciosos festins na praia? Eu o odeio.
Ele é o melhor cara que eu já conheci, pode crer. Ele é a criatura mais doce que já houve uma vez na terra. A encarnação da bondade. (Bleargh). Ele já salvou minha vida uma vez. É por isso que eu o odeio.
Eu a conheci muito antes dele. Eu a amei muito antes d'ele amaldiçoá-la. Da forma como fez. Lembro-me de que prometi não gostar dela. Simplesmente porque seria óbvio. Seria a velha história que sempre se repete comigo. Seria óbvio me apaixonar por Ela. E eu simplesmente prometi não fazê-lo. Mesmo assim, fiz aquela singela canção para ela​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​. E foi assim que eu provoquei o demônio, e ele me provocou. E agora, estou sujo do sangue deste homem. Porque eu o odeio.
Sim: eu o matei. Esse depoimento é uma confissão de assassinato e uma declaração de amor. Eu o matei, mes amis. Não quero aqui dizer que o fato de eu amá-la tão loucamente justifique os meus atos. Nem que o sangue em minhas mãos seja lavado pela força do amor. Haha! Não. Não mesmo, meus amigos. Não mesmo. Muito pelo contrário! Quem foi o desgraçado que inventou que o amor é uma força pura? Que o amor lava alguma coisa? Quem atribuiu ao amor ​tanta benevolência e doçura? No mínimo, alguém que nunca amou na vida. Ou alguém que amava o dinheiro. E viu aí uma bela possibilidade de enganar outras pessoas que, também, nunca amaram porra nenhuma na vida. O amor não é doce. Nem singelo. Nem amável. Nem tem nada de azul. Nem de vermelho. Nem de colorido. Nem corações. Nem balas. Nem doces. Nem manteiga. Nem amendoim. Nem caramelo! O amor é um sentimento compulsivo. Igual ao ódio. Não. Eles não são iguais. Nem são frutos da mesma coisa. Eles não tem nada a ver. Embora muitas vezes convivam entre si. Como nesse momento. O ódio é um sentimento divino. Este sim! Um sentimento que nos evoca a força! A proteção! E a preservação. O ódio nos torna fortes, para enfrentar o mundo. O ódio nos faz enfrentar nossos opressores, e querer oprimí-los. E ser mais fodas do que eles. O ódio é dionisíaco. Por isso mesmo, não devemos amá-lo. Odeio o próprio ódio, tão forte é o meu. Quanto ao amor: eu o odeio.
 O amor, por outro lado, não se pode nem dizer que seja dionisíaco ou apolínio. Nem mesmo Afrodisíaco. Nem mesmo Erótico. Nem Marcial. Nem Ariano. Nem Thanatesco. Não se pode nem dizer que essa porra tenha um deus. É uma coisa mundana e imunda tal como os objetos desejados por ele. É autodestrutivo. Pode acabar com sua autoestima. E respeito próprio. Se não se tiver cuidado. Se não se for orgulhoso o suficiente. Dica: nunca deixe ninguém saber que é amado por vc. É quase uma declaração de suicídio. Às vezes, acho que a natureza criou o amor por uma questão de seleção natural. Para eliminar gradativamente os mais fracos. Ou por pura autodestruição. Sim, a espécie se autodestrói usando como barbitúrico o amor. Seu agente máximo são surrupiadores como aquele outro que matei, e por isso, eu o odeio.
E aqui estou eu fazendo considerações sobre o que é e sobre o que não é o amor. Quantas vezes eu falei essa palavra durante essa inútil declaração? Dezenas? 3? 7? 23? 27? Pouco importa. Só estou fazendo o que todos fazem. "O amor é...". E tome uma avalanche de considerações e desabafos. Como se alguém entendesse o que é isso. Como se esse nome tivesse algum sentido. Como se ele descrevesse tudo. Não: não descreve nada. Não significa nada. Os sentimentos existem, mas os nomes não podem encerrá-los. No fundo é tão confuso quanto se não tivesse nome algum. Este nome é inteiramente vazio e eu o odeio.
Eu achava que o amor não existia. Mas, depois, eu vi que existe. Eu achava que ele era diferente. Mas agora vejo que é exatamente igual.
Ele é ridículo para todas as pessoas.
E pra mim também.
E sim: ele é forte.
Eu o odeio.
O amor. O demônio. O meu Eu. E, principalmente, EU ODEIO RAFAEL MASCARENHAS. Eu o odeio.
Acho que o mundo vai sentir falta dele. Vocês deviam ver ele tocando. Apesar de ser branco, acho que chegava aos pés de Hendrix; Clapton, no mínimo. Ele era sentimental, mas... não havia um pingo de tormenta nele. Dava uma paz estranha e soberana vê-lo tocando. Tão estranha, que eu não podia suportar. Acho que até entendo por que Júlia preferiu ficar com ele. E não comigo. Começando um namoro com ele apenas uma semana depois de eu escrever aquela porra daquela música pra ela. Aquela porra daquela música. Aquela música maldita que mudou tudo. Que transformou uma história infeliz e tediosa em um conto trágico. E cheio de reviravoltas. Eu estava achando o equilíbrio. Eu estava eliminando os desejos. E então... E é por isso que eu odeio.
Foi por isso, meus caros, que eu o matei. Com todo o meu amor. Era eu. Era eu naquele carro. Naquele túnel. Ele andando com um deus imponente sobre quatro rodinhas de rolamento. Sobnre sua nuvem sobrenatural. Que ele chamava de skate. No túnel Zuzu Angel. Eu peguei o carro e entrei no túnel. Com tudo. Não tive a menor dúvida. Acelerei. Acelerei. Eu só via as luzes passando. Como se tivesse tomado muito Biflogin. Tudo ficando escuro ao redor. E as luzes como estrelas cadentes e deslizantes. Entrei no HyperEspaço. Mas, estranhamente, o rosto dele parecia iluminado por uma luz divina e sobrenatural. Estranhamente focado. Eu o via claramente. Sorridente. Acelerei. E vi pela última vez o seu sorriso encantado e doce amassado contra o vidro do carro. Como se dissesse: eu não morri. Minha bondade ainda estará aqui. Minha música ainda estará aqui. Minha ausência ainda estará aqui. Mais do que nunca, é por isso que eu o odeio.
Esta é minha confissão. E minha declaração de amor. Quando esta carta chegar ao conhecimento das autoridades e do público, eu estarei ​a milhas de distância, com Júlia. Talvez num motel de beira de estrada. Ou talvez num Peres-Lachaise. Eu precisava compartilhar isso com o mundo porque eu tirei dele  uma das criaturas mais  merecedoras de viver que já existiram. Não serei pretensioso a ponto de pensar que essa era a sua missão. Ou que existe uma lição a se tirar disso tudo. Ou que minha confissão servirá para minha absolvição. Não, sequer quero ser absolvido. A absolvição ser-me-ia uma desonra. A condenação, por outro lado, me honra, como o reconhecimento de um grande filósofo ou militante. Eu odeio vocês todos. Do fundo do meu coração estilhaçado. Em anexo, segue um vídeo e fotos dos policiais que subornei. Canalhas. Eu os odeio.
Mas vcs nunca poderão me pegar. Porque eu tenho uma força sinistra e imprevisível dentro de mim: o meu amor. 
E eu o odeio.

Gineofagia, Capítulo 2

Levei-te para a cena do crime e com certo descuidado executei meus golpes sucessivos e insistentes, até que abri finalmente a fenda sangrenta do seu ser e matei aquele anjo antigo e doce que ali havia. Foi-se. Foice.
Dei-lhe um livro de Anais Nïn para melhor compreensão dos fatos.
Eis que era uma dama, eis que tornou-se donzela.
E eu assustado por não saber o que fazer com a sua inocência, com o seu amor incondicional, com a sua entrega absoluta. Eu, assustado e acompanhodo sempre sempre. Eu com medo de perder-te e com medo de ter-te.
A lua iluminava a cena do crime com perfeição, nossa única testemunha. As árvores selvagens e tortuosas executavam uma sinfonia de sombras e tons esverdeados e marrons. Nosso altar ficava noo alto, bem no alto, nosso leito. Disse leito? Disse altar? Não era uma cena de crime?
Os três.
Abri a fenda sangrenta do seu ser e matei aquele anjo antigo e doce que ali havia. Foi-se. Foice. Não fará falta. Doravante, um anjo libidinoso e um eterno vazio.


quinta-feira, 8 de março de 2012

Le Cafe de Nuit

Eu caminho pela cozinha, no escuro, e eu não vejo a garrafa de café, mas eu posso sentir a sua presença fálica e sensual. Sinto-a não como um objeto de fetiche, ou do meu desejo, mas como uma extensão do meu próprio falo, um símbolo da minha própria virilidade. Extraio então, ritualisticamente, todo o seminal conteúdo negro de seu interior, como se buscasse a minha própria essência, a minha própria alma, quente, negra e adocicada, levemente amarga, é verdade, pra fazer uma comparação willsmithiana.
A luz da lua desenha uma janela pálida sobre os ponteiros do relógio, que marcam, precisamente, as duas horas da manhã. Sorrateiramente, termino de depositar o sagrado líquido na minha caneca e, pé ante pé, para não despertar os meus pais, volto para o meu quarto, onde sou recepcionado por Jô soares e seus convidados - relembrando saudosamente a sua brilhante vida intelectual e cultural de algum tempo dourado - pelo meu combalido computador, possuído por milhões de bits de sons de outras dimensões, personalidades, histórias, filosofias e tudo o que minha conexão de 400 kbs permite. E, é claro, por um caos primordial de gibis, livros e papéis, muitos papéis, que me rodeiam e me fazem companhia.
Às vezes, eu me pergunto se é o café que não me deixa dormir ou se sou eu que não deixo dormir o café...



xviii/vi/mmx - ii:am

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu

Eu. Sempre eu. Impreterívelmente, eu. Olho-me no espelho e me vejo ali, e se viro o rosto e mantenho o olhar fixo, eis que os olhos do espelho permanecem fixos em mim. Não para de me olhar?
Se desvio o olhar, pressinto que o reflexo continua me olhando, mas não posso constatar. Posso! Tento olhar rapidamente. Sabia! Ali estão ainda meus olhos penetrantes a me condenar.
Fechos os olhos e ainda me vejo, no escuro das minhas cavernas psíquicas. Caminho e a presença da minha sombra insinua que ainda estou ali. Oh: eu. Porque não vou embora? Já tentei, mas não adianta. Apresso o passo, mas a sombra ainda me segue, inexpugnável prova de mim. Desesperado, desato a correr, mas ainda mais corre a sombra.
Mas, pouco a pouco, vai se esvaecendo, até que consigo despistá-la. Melhor não parar de correr para não ser alcançado. Tanjo minhas roupas e sinto que elas me contém. Oh: eu. De novo. Ainda ali como um fantasma de mim mesmo, e ainda que me livrasse de mim, restaria o fantasma que sou eu.
Quê, então?
Arranco minhas roupas com a birra de um selvagem, disposto a, pelo menos, me esconder de mim mesmo, mas sinto ainda meu pinto a balançar despirocado. Sinto a volúpia do vento e percebo que ainda estou ali, envolto por cada golada de ar que me perpassa. Escalo o cristo em desespero e tento, em preces - preces sem destinatário - me conectar com a eternidade, com o todo, com o nada, com qualquer coisa que não seja essa misérrima partícula que me sinto.
Ainda o meu rosto, meu corpo, minha alma, meu espírito, meus sorrisos, meus testículos, minha fúria, meu desespero, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu,...

A Decomposição do Tempo e O Verdadeiro Coração Denunciador

Enclausurado onde me encontro, aguma presença fantasmagórica me assombra. Não é o vento, e nem a sombra, ou muito menos as cortinas. Algum trinado sinistro, uma fantástica lombra... percebo melhor agora: é uma fonte sonora. Fecho os olhos e me concentro: de onde vem tal tormento? Percebo agora um ritmo, qual maquinário sinistro. Insistente e renitente, um baque seco nas sombras, numa cadência marcial anunciada pelas trompas.
Aguço mais e canto comigo mesmo o ritmo repetitivo... diabos! Diabos! É lógico... é esse maldito relógio! Adornado por sinistra águia e circunvolunções caóticas, anunciando, terroristamente, a indetível marcha das horas. Oras! Que desgraça, agora não consigo mais fechar os olhos! Olho pro centro e vejo os ponteiros a esgrimir contra segundos mortos. Retumbando como um coração, chato como uma televisão ligada no meio da madrugada e contra a qual não se pode fazer nada.
Oprimido pelo silêncio e por um tédio imortal, em nada me ajuda essa insônia e a efervescência cerebral.  Maldito! Desdenha de mim, sorridente. Veja estes bigodes de aço e esse vidro reluzente!
No fundo desse relógio batedouro vejo um rosto: seu sorriso obsceno é o que causa o meu desgosto. Poderia até pensar que me foi dado de propósito... não pra me ensinar as horas, mas para ser uma bomba relógio. Feita pra explodir não a sua estrutura material, mas a matéria abstrata do meu inferno cerebral, com batidas precisas e cirúrgicas no meu peito, me enxendo de raivas e visões lúbricas de pretéritos imprefeitos. Como se fosse um infinito e repetido código morse, que representase uma risada com uma pontada de remorso. Como se me lembrasse, assassinamente, que não voltará, jamais, aquilo que nunca veio, mas nunca me deixou em paz.
Desesperado por ouví-lo, e vê-lo, em vão procuro envolvê-lo numa camisa, pra abafar seu rugido monstrenho, seu maquiavélico desempenho, porém nada o amortiza. É como se a matéria impalpável das batidas comoventes não conhecessem as barreiras desse mundo existentes. Apelo então pro meu pesado e obscuro sobretudo, mas é em vão! Ouço-o ainda, o maldito baque surdo!
Decido então colocá-lo em baixo do meu colchão, mas cada batida dele bate junto com o meu coração. Com a diferença de que meu peito não faz assim tanto barulho. Chego a pensar que esse som pode ser ouvido em todo o mundo. Se os aposentos ao lado por acaso despertarem, poderão descobrir o meu segredo, que eu mesmo só descobri tarde... e sei que é tarde, mas dominado pelo medo e pela revolta, visto este mesmo sobretudo e resolvo dar uma volta. Espero assim, ao menos, poder me livrar da batida infernal. Mas o destino, traiçoeiro, corrobora para o meu mal. Ainda insistentes ouço as batidas esgrimistas do infortúnio. Será que estou louco? De onde vem - de que caralho - esse murmúrio? Será que a noite imortal está impressionando meu peito? Um criminoso, um ancestral morto, ou algum outro sujeito? Não, reconheço-as! Não há dúvida ou mal entendido: é o maldito relógio que por acaso trouxe comigo. Por força do hábito, como o maldito sempre comigo levei, trouxe-o agora e, podes crer, podes crer que me ferrei!
Como um spot celestial de uma comédia divina cujo mote é minha tormenta, tudo o que vejo é a luz desse maldito poste amarelado de mercúrio que torna em sépia minha desgraça cuja trilha sonora é o maldito e repetitivo: Tic Tac.
Sei do que preciso: vou arrancar a pilha! Arrancando assim a alma quero ver se o bastardo respira!
Sacando de um canivete apunhalo então suas costas. Exponho suas vísceras mecânicas, sinuosas e perigosas. Sem mais delongas arranco do maldito o coração. HORROR! Mas que desgraça! O outro, igual a um furacão, permanece redemoinhando e batendo como um sinistro cão que late pela madrugada com um metálico latido. Como é possível? Horror! Nem penso mais e, num instante, pego o maldito presente e esfaqueio seu peito arfante. Arranco-lhe sem cerimônia a geringonça central. Depois, rudemente, as molas, os parafusos, e coisas tais. E lentamente o decomponho, sem saber pra onde isso vai. Aha! Os malditos ponteiros! Não me enxerão nunca mais! Arranco-os, amasso-os, espanco-os, espeto-os nos restos mortais, picoto todo o painel, arranho os vidros e depois quebro-os. E depois chuto-os. E depois cuspo-os e depois ZAZ! Sinto-me tomado por uma epifania, como o prenúncio de alguma paz.
Invade-me então a sensação de ter sido um deus - santo ou pagão - que decompusera e vencera o tempo, subjugando seu próprio tormento! Deixo-me cair no chão, então vencedor e, extasiado, respiro fundo e apuro a audição para ouvir com volúpia o silencio sonoro do meu triunfo!
Mas, como o fantasma de um soldado incasável, ouço uma vez mais o som do melancólico Tic Tac que não parou nunca mais.
E hoje, relendo assim, por caso, outra vez a obra de Poe, tenho certeza de que era um relógio o seu coração denunciador...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sonho

Hoje eu tive um sonho louco. Mas não posso te contar.

Fluorescente Adolescente

Não me interrompa! Estou fluorescente! Não me alimente.  Não me interrompa! Rompa daqui, com os seus trajes rotos, seus rostos, seus desgostos, seu arroto aristocrático, seu senso patético, estético e prático e suas artes práticas decadentes. Não me convença, pois estou descrente. Não como um desiludido, mas como um ser fluorescente. Ide! Parta! Não quero ver-lhe. Ide. Saia do meu caminho e deixe-me caminhar altivo, de cara alegre e cruel, feliz e mau, com o pau duro. Tudo me pertence. Olho para o horizonte e ele não tem fim. Olho para o fim e ele não tem mais horizontes, e o horizonte já não tem, nos meus olhos, seu fim. Refletimo-nos mutuamente, como o céu e o mar, e somos a essência de um mesmo todo, poderoso e fluorescente. É, pode crer que sim. Posso esmagar vc com um simples sopro, ou com uma deliciosa carícia, à minha guisa. Que fazeis aqui? Ide! Parti! P-Partiu. Puta que pariu... Volte. Não, não quero mais. Pronto. Fique aí,  fique onde quiser, mas não me interrompa: estou fluorescente. 

Saia da frente do sol: vc está me tapando para ele.

Suprema Convulsão

- Caras, preciso ir.
- Mas ir pra onde, cara!? Estamos no meio do nada.!
- Não sei, simplesmente preciso ir.
- Ah. Tá bom, falou.
***
Aí as estrelas entraram em convulsão. Como? Não sei. Entraram. Começaram a debaterem-se, liquidificarem-se, convergir para algum epicentro não nítido.
Eu simplemente estava caminhando, e elas me seguiam, como de costume. A lua deu um xilique e se escondeu atrás de umas nuvens faceiras que por ali passavam. 
Aí as estrelas piraram. Algumas entraram em combustão espontânea, outras ejacularam. Mas a grande maioria dava mesmo era prosseguimento àquela dança macabra e elíptica e linda que eu via. Efetivamente, linda.
Confesso que estava gostando. Sentia como se minha alma se manifestasse ali, e minha alma se convulsionasse junto com os corpúsculos luminosos.
Apenas me deixei ficar ali, observando o convulsionamento dos membros astrais e vando a natureza, finalmente, se manifestando artísticamente para me impressionar, a mim que sempre tentei impressionar a natureza com minha arte.
Senti-me como um deus. E gostei.
Tentei pensar no que um deus costuma fazer quando quer se divertir. Cheguei à conclusão imediata de que nada nesse mundo pode ser tão divertido quanto a própria humanidade e a preguiça, sim! A preguiça eterna, de saber que não se precisa fazer nada, nem responder ou provar nada a ninguém. Subitamente, compreendi tudo: toda a miséria, nossos sentimentos confusos, a insaciedade, a confusão, os dilemas, a guerra, o sexo, Ela. Tudo fez sentido: A humanidade é um teatro de deus, um desenho animado, uma comédia romântica. A humanindade é a natureza tentando impressionar deus artísticamente, corpúsculos luminosos convulsionando-se ao léu.
Sentindo-me como um deus, e tendo tido uma epifania, resolvi aproveitar então a voluptuosa preguiça. A pecaminosa preguiça. Não pude deixar de pensar em como, sendo um deus, seria delicioso cometer pecados contra mim mesmo. Mas isso foi só um pensamento passageiro.
Tentei beijar o céu e ele não se esquivou. Deitei-me na grama fresca e sentia brisa acariciando meu corpo todinho, com volúpia e devoção. Parecia-me uma garota apaixonada.
Fechei os olhos e senti-me um verme outra vez. Agora queria aninhar-me num buraco na terra ou num cadáver qualquer, e ali, fazer minha última morada.
Não encontrei meu lar.
Abri os olhos e as estrelas já não estavam mais lá. Foram finalmente vencidas. Débeis como garotas insaciadas.
Ergui-me, conclui minha caminhada, e aqui estou.

Petit Mort

Confesso que gosto de matar. Nesse momento é que me sinto um deus: um deus-verme. Dá-me um prazer indescritível. Far-se-á? Nada. Gosto do gosto do seu sangue escorrendo caudalosamente pela sua garganta obscena e esvaindo todos os seus gemidos de estertores mórbidos. É nessa hora que a vítima se mostra mais lasciva. Sabia? A morte é um momento sexual. Morrer-se-á numa posição erótica. Mesmo o mais reles cadáver, morto da mais bastarda forma, morrerá com algum glamur qualquer. A morte é o orgasmo final. Confesso que tenho gosto de matar. Gosto de ver os seus olhos gososos toda vez que vc morre. Gosto de ver seus humores desperdiçados no arrebol de uma tarde de morte. Oh, luxuria! Eros e Thanatos. O leito da concupiscência é de alguma forma um leito de morte, uma tumba, um esquife, um caixão.

Confesso que gosto de matar. Dá-me um prazer indescritível. É nessa hora que ejaculo na sua boca fria.

Gineofagia

Sinto-me um deus-verme. OnImpotente. Mestre e discípulo sem causa ou razão alguma. Inútil. Como alguém que tem o poder de transformar comida em pedra.

Minha alma dionisíaca tem fome. Uma fome desmesurada e destrutiva, assassina. Incontível. Meu alimento se foi. Foge de mim como o diabo da cruz, não!: o diabo não foge da cruz, mas meu alimento, meu sagrado alimento, meu delicioso alimento, dá-me pequenas provadelas para depois esvair-se como se fosse apenas o cheiro de uma comida boa, extraído de uma essência roubada de um bâlsamo do demônio e presenteada a entes perversos.

Minha alma faminta caça presas indefesas, como um lobo, e cruelmente as devora. Devora seu espírito sem sequer rezar, ou agradecer, ou desculpar-se com o cosmos, como fariam os antigos, ou oferecer um sacrífício ou dádivas ou qualquer demonstração de respeito, pois não crê, e despreza tudo isso. Não. Apenas veneno destilado pelo cinismo e pela sedução vã, como uma cobra mui exuberante. Mostra suas elegantes abas, exibe a dentição pontiaguda, erétil, fálica e poderosa, com escamas brilhantes e rígidas, hipnotizando o pobre gineocardio indefeso. Vendo-o paralisado e dominado pela fome, a cobra instintivamente a ataca, com precisão e perícia, no ponto mais sensível, subjugando assim pra sempre a pobre vítima, que morre em seus braços com um sorriso no rosto e um esgar sinistro. "Oh, sim, assim, mata-me de mansinho, mata-me de prazer, sim, assim, continue, não pare, quero morrer sob sua verga", geme a pobre e estertorada vítima. E, assim, a pobre vitima se esvai, o pobre gineocardio, mas a naja não se saciou ainda e procura outros gineocardios para comer, porque sua alma dionisíaca tem fome e seu alimento foge, dando-lhe apenas pequenas mordiscadelas para manter em seu peito o apetite cruel e a fome arrebatadora.

OH!